OPINIÃO: Luto em dobro

(Foto: Santos FC / Divulgação)

Por: Lucas Santos

A violência no futebol perdeu mais um torcedor. Desde pequeno aprendi a torcer pro clube que amo e luto, Santos Futebol Clube, e tudo o que sou hoje devo ao meu pai, que me ensinou a amar esse clube. Meu pai sempre foi um cara que acompanhou o Peixe, era até associado da antiga Sangue Santista, mas após ver diversas confusões e se afastar, depois de ver no jornal a morte de um de nossos guerreiros, decidiu nunca mais assistir jogo de futebol, seja em estádio ou na TV.

Eu nunca imaginaria um dia ouvir meu pai, com 46 anos, fanático do jeito que era, falar que nunca mais vai ver uma partida de futebol. O cara sempre foi uma pessoa de uma palavra só, e isso, assim como a morte do santista Márcio Barreto de Toledo, foi pra mim uma dor tremenda e sinceramente, não soube o que falar. 

Quem é de torcida organizada sabe o que se passa e o risco que corre. A grande verdade é que muitos vivem num mundo de conto de fadas e acham que torcida organizada é brincadeira. Infelizmente, é o risco que corre e quem se associa a uma sabe disso. É difícil ver as imagens das câmeras da covardia dos são paulinos ao tentar pegar os santistas pelas costas, com barras de ferro na mão, e não se revoltar.

É um momento de tristeza e revolta. Não existe lado a, lado b, seja Torcida Jovem, Sangue Jovem ou Força Jovem. Todos nós, torcedores organizados ou não, somos santistas e estamos em luto por mais um que se foi, covardemente. Acima de qualquer coisa, somos torcedores de futebol e amamos nossos clubes, sejamos santistas ou não, a rivalidade é muito boa, enquanto somos apenas rivais. 

Em luto pela violência no futebol. Em luto pela pessoa que me ensinou a amar o futebol e me fez santista, meu pai. Em luto pelas centenas de pais como o meu que um dia perderam seus filhos numa guerra de torcidas ou numa covardia como a de ontem. Em luto por todos os torcedores fanáticos, que assim como meu pai, não querem mais saber do futebol.